Diante de tantas histórias sobre as mulheres e o trade marketing, surgiu uma ideia entre a equipe de conteúdo do Clube do Trade (a mesma que faz a curadoria da programação do AEx, a maior experiência em trade marketing do Brasil).
O evento merecia um espaço para discutirmos exemplos e ouvirmos histórias sobre mulheres que atuam na área.
Por quê?
A pesquisa Trade Insight, maior pesquisa anual de trade marketing do Brasil, realizada pelo Clube, levantou informações interessantes do mercado sob o ponto de vista de representatividade e gêneros.
No total, 43% dos participantes são mulheres e 57% homens.
AS MULHERES E O TRADE MARKETING
Nessa proporção, que em um primeiro momento parece equilibrada, conheço várias histórias de mulheres de destaque no segmento. Posso citar a Priscilla Martins, da Bombril, a Aline Scullion, da Army, a Silvia Mizosoe, da Ober, entre tantos outros nomes com os quais tivemos contato através de projetos do Agile Promoter.
Todas elas têm cargos de liderança em indústrias e agências.
Porém, será que de um modo geral podemos dizer ser essa uma realidade de mercado?
Partimos para mais uma análise da Trade Insight. Por exemplo: entre todos os que responderam atuarem na função de analista de trade marketing, quantos são homens e quantos são mulheres? Chegamos aos seguintes resultados:
Isso nos levou a observar um ponto ainda mais a fundo sobre cargos. Uma das perguntas da pesquisa tinha o intuito de descobrir qual é o tempo de experiência em trade marketing das pessoas que participaram da Trade Insight.
Foi neste ponto que percebemos uma diferença muito grande no comparativo entre homens e mulheres.
Preste atenção nas porcentagens de homens e mulheres que passam mais de cinco anos no cargo de analista de trade marketing (função considerada início de carreira).
A conclusão a que podemos chegar é: mulheres levam mais tempo para iniciar uma evolução de cargos na carreira.
A diferença também é considerável com o período de permanência em cargos de decisão, como você pode observar no quadro acima.
O PAINEL
A experiência de ter mediado um painel sobre esse tema durante a 3ª edição do Agile Experience foi única. Primeiro, por ter trazido o assunto à tona sob o ponto vista do trade marketing.
Foi, no mínimo, inovador. A ideia motivou, inclusive, outros portais a abordarem o assunto.
Segundo, por ter participado de uma discussão ao lado de mulheres respeitadas e reconhecidas pelo mercado. Ninguém tem dúvidas de que alguns dos nomes mais fortes do trade no Brasil são Simone Terra, Fatima Merlin, Ana Paula de Andrade e Tania Zahar Miné.
Depois de uma introdução, abrimos para participação do público. Nosso objetivo era contarmos com depoimentos de homens liderados por mulheres, para compartilharem opiniões e exemplos.
Ouvimos dois homens da plateia. Um deles foi o Rair Simplicio, analista pleno de trade marketing da RB Distribuidora. Começou ressaltando que, quando chegou na empresa, ficou surpreso com o fato de ser liderado por uma mulher. Terminou com elogios sobre a gerente.
O David Mattos, coordenador comercial da Involves, também contribuiu com sua visão, lembrando que o evento AEx é organizado por duas mulheres, Andrea Naomi e Mileyd Jordão.
UMA HISTÓRIA EXEMPLAR
Ainda durante o painel, tivemos a oportunidade de conhecer a Elisangela Aciole dos Santos, empresária da área de trade e – não temos como ignorar o fato – entusiasta de qualquer tema que tenha relação com o trade.
Da plateia, certamente ela foi a pessoa que mais estava com vontade de participar da discussão.
Ela tem uma força perceptível e uma energia única. Falou ao público sobre sua experiência como profissional – estando à frente da própria agência de trade marketing, participando como conselheira do Sebrae na região e como vice-presidente da Acese (Associação Comercial e Empresarial de Sergipe) – e como mãe.
Mais tarde, a equipe do Clube do Trade a procurou para uma entrevista. Começamos conversando sobre o que significa, para ela, ser mulher e atuar com tanta presença na área.
Para Eli, como ela prefere ser chamada, o fato de ser mulher favorece algumas etapas da execução de trade marketing.
A agência dela atende Sergipe, Bahia e Alagoas. Eli acredita que o fato de ser mãe favorece a sensibilidade no ponto de venda, onde um bom relacionamento é a chave para o sucesso.
É preciso, por exemplo, saber lidar com vários níveis hierárquicos durante qualquer trabalho.
O trade marketing no PDV é puro relacionamento. Você tem que saber lidar com a gerência, GR1, GR2, GR3, aí vem GR4, GR5, vem o marketing, vem o trade marketing daquela loja, vem o supervisor do setor e vem os promotores. Aí você tem o promotor roteirista, promotor fixo, então você tem que saber lidar, e tem que saber lidar também com a indústria, com o mercado da indústria, porque às vezes a indústria pensa de um jeito mas naquela região é outra coisa, tá rolando outro sentimento, é a questão de conhecer a realidade do mercado daquela região.
Finalizando a entrevista, perguntamos como a Eli observa o cenário atual do trade marketing no Nordeste.
Ela descreveu desafios que são comuns a qualquer região ou tipo de indústria no Brasil. Aliás, é uma tarefa de todos os profissionais de trade, sejam homens ou mulheres, valorizar a função estratégica desse setor.