
Sumário
No contexto atual do mercado pet — caracterizado pela crescente humanização dos animais de estimação, pela expansão de canais (lojas físicas + e-commerce) e por compradores cada vez mais informados — a execução no ponto de venda (PDV) não pode mais ser vista como mera operação tática. Ao contrário: ela se transforma em componente estratégico da marca, especialmente para pet shops, em que o vínculo entre tutor e animal é central. A pergunta que orienta esta reflexão é: o que de fato diferencia a execução no PDV para pet shop?
O contexto que muda
Vários vetores se combinam para exigir uma nova forma de olhar a execução no PDV em pet shops:
- O perfil do “shopper-tutor” mudou: não busca mais apenas produto, mas experiência, orientação qualificada, solução de necessidade. Tal mudança implica que o PDV deve funcionar como momento de interação e não apenas de exibição.
- A multicanalidade exige que a loja física entregue mais do que disponibilidade de estoque: visibilidade da marca, integração digital-física, fluidez entre plataformas.
- Os formatos de pet shop diversificaram (lojas boutique especializadas, redes de pet, farmácias com zona pet, vendas on-line com retirada em loja) — essa heterogeneidade exige flexibilidade de execução.
- A concorrência e a velocidade de inovação de categoria aumentaram — isso torna o plano de execução, exposição e ativação no PDV um diferencial competitivo.
A execução no PDV para pet shop deve atualizar suas práticas em quatro eixos principais:
Posicionamento e exposição no PDV
- Estudos recentes indicam que o layout da prateleira, altura de exposição, visibilidade e posição de gôndola exercem impacto direto sobre a escolha de marcas novas ou menos conhecidas.
- A alocação de espaço de prateleira e o design do shelf são criticamente importantes na gestão da variedade de produtos frente ao espaço limitado. Um estudo recente desenvolve um modelo de apoio à decisão para alocação de espaço, incluindo efeitos de substituição e reposição.
- A revisão sistemática sobre planograma evidencia que existe lacuna de pesquisa sobre como gestão de espaço e layout de loja afetam comportamento e vendas – o que reforça para o mercado pet a necessidade de abordagem própria à categoria.
- Conclusão: no segmento pet, é imprescindível adaptar planograma e exposição considerando: raça, espécie, porte do animal, segmento comercial (premium vs mainstream), serviços associados (banho/tosa, grooming), de modo que o shelf “conte” a história da marca para o tutor.
Treinamento e qualificação da equipe
- A execução no PDV em pet shop envolve mais do que visibilidade: requer que o promotor ou vendedor entenda nutrição, comportamento animal, diferenciação de produto e intermédio consulta-tutor.
- Para fornecer essa qualidade, a equipe deve receber treinamentos regulares e estrutura de mensuração de performance mais sofisticada do que “checklist de planograma”. A literatura de shopper marketing aponta que entender o processo de compra dentro da loja — e como o shopper se comporta no “modo de compra” — é condição crítica.
- No contexto pet, o promotor deve atuar quase como consultor: compreender o tutor, o animal, a jornada de compra, sugerir serviços, criar vínculo.
Mensuração, dados e tecnologia
- A execução no PDV não pode mais depender apenas de fotos via WhatsApp ou checklists manuais. A tecnologia — auditoria digital, reconhecimento de layout, dashboards em tempo real — permite evidências mais robustas. Estudos relativos a “Planogram Compliance Checking” mostram como inteligência artificial e automação estão ganhando espaço.
- A literatura também mostra que gestão de espaço de varejo (assortment, shelf-space, replenishment) demanda modelos analíticos incorporando comportamento do consumidor.
- No mercado pet, isso significa: monitorar visibilidade da marca, share de gôndola, taxa de conversão na loja, rapidez de reposição, integração entre físico e digital.
- Métricas relevantes: aderência de planograma, share de exposição, tempo de atendimento, recomendação, conversão incremental e iclo de giro de sortimento.
Agilidade e personalização da execução
- A execução padronizada “uma solução serve para todas as lojas” não funciona mais no pet shop, dada a heterogeneidade de formatos. O promotor e a rotina de execução devem ser ajustados conforme perfil da loja (boutique, rede, unidade de serviços).
- Ativações de loja (demonstrações de brinquedos, eventos de adoção, workshops para tutores) passam a integrar a execução no PDV — não apenas exposição, mas experiência.
- A inovação de categoria (ex: alimentos funcionais, suplementos, snacks) exige que o layout e a execução sejam ágeis o suficiente para absorver novidade.
- Em um contexto omnicanal, a loja física torna-se “hub de experiência” e deve integrar digital (QR codes no PDV, app, click & collect), o que impacta diretamente à execução no PDV.
Desafios específicos para pet shop
- Educação do tutor-comprador: ao contrário de muitas categorias, o mercado pet exige maior grau de informação para o comprador — nutrição, saúde, comportamento animal. Isso exige que o PDV atue como ambiente educativo.
- Diversidade de categorias e serviços: ração, acessórios, serviços (banho, tosa, adestramento) exigem diferentes lógicas de exposição e execução.
- Espaço físico e fluxo de pets: o ambiente do pet shop deve acomodar circulação de animais, tutores, serviços — o layout, mobiliário, exposição e execução devem levar em conta essa dinâmica específica.
- Padronização vs localização: redes e franquias desejam padronização; lojas independentes exigem flexibilidade — o desafio é equilibrar escala e customização.
Boas práticas recomendadas
- Desenvolver um plano de execução de PDV com checklist específico para pet shop — incluir visibilidade de marca, material de PDV, adequação à categoria/espécie, perfil de tutor.
- Revisar e calibrar planograma para cada “tipo de loja” (boutique, rede, loja de bairro) e garantir aderência nas visitas de campo.
- Implantar tecnologia de auditoria de execução (fotos, geolocalização, dashboards) para garantir visibilidade e controle.
- Capacitar equipe: módulos de treinamento focados em nutrição animal, comportamento, linha premium e serviços.
- Criar ativações de experiência em loja: demonstrações, eventos para tutores, integração digital-física.
- Monitorar resultados via indicadores (ticket médio, mix por loja, conversão, tempo de permanência, crescimento de marca) e ajustar execução com base em dados reais.
- Integrar loja física e digital: campanhas que levam ao PDV, ofertas no PDV que remetem ao e-commerce ou app, uso de QR codes, programa de fidelidade ligado à visita física.
Conclusão
Para o mercado pet, a execução no PDV deixou de ser uma simples tarefa operacional para se tornar um ponto de diferenciação estratégica. A marca que conseguir visibilidade eficaz, suporte relevante ao tutor-comprador e interação significativa no ponto de venda ganhará vantagem competitiva. Em um segmento onde a relação entre tutor, animal e marca envolve afeto, cuidado e estilo de vida, a qualidade da execução no PDV pode significar muito além de uma venda: pode significar fidelização, recomendação e valor de marca.
A missão está clara: transformar a prateleira em palco de experiência, converter o shopper-tutor em fã da marca e integrar a execução no PDV ao ecossistema omnicanal.